Sociologizar

Compartilhar reflexões sociológicas com estudantes e pessoas interessadas em conhecer, pensar, dialogar e discutir conceitos e teorias que orientam para um olhar crítico de temas que compõem a realidade social.

Manifesto do Partido Comunista 29 de setembro de 2011

O Manifesto Comunista foi escrito em dupla mão por Karl Marx e Friedrich Engels no finalzinho de 1847 e início de 1848, saiu do forno quentinho ao mesmo tempo que em Paris pipocava a Revolução de 1848, a “Primavera dos Povos”.

O texto é panfletário, mas reflete a perspectiva teórica-metodológica do materialismo histórico e dialético ao apresentar a história social como um processo cuja força motriz é a luta empreendida em virtude dos antagonismos entre as classes.

No link abaixo, clique e verás a apresentação que produzi para uma aula de Introdução à Sociologia na Universidade de Brasília para estudantes de vários cursos de graduação, entre eles, relações internacionais, direito, ciências contábeis, nutrição e etc. Nesta aula, eu atuava como monitora da disciplina, uma contrapartida social diante da bolsa de pesquisa REUNI/CAPES que recebia enquanto estudante e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Sociologia.

Manifesto do Partido Comunista

 

O que é necessário saber para votar em 2010? 18 de setembro de 2010

As eleições estão aí, a menos de um mês será feito o pleito para decidir entre candidatos aos cargos do executivo nacional e estadual e aos cargos das câmaras legislativa e distrital. Quem são todos os candidatos à presidência da República? E seus vices? Quem são os candidatos ao governo do Distrito Federal e seus vices? Quais seus partidos e/ou coligações e o que defendem como propostas a serem executadas caso sejam eleitos?

E para os legisladores que é necessário votar em dois candidatos ao Senado, um candidato à Câmara Federal e outro para a Distrital? Como proceder em relação a esses dois últimos que obedecem ao sistema do voto de legenda, uma vez que o voto atribuído a um candidato pode contribuir para a eleição de um outro?

Para o executivo e para os senadores no caso do legislativo é contado o voto majoritário, isto é, aquele candidato que receber o maior número de votos válidos ganha a eleição. No caso da Câmara Federal e da Distrital, obedece-se ao critério chamado de Lista aberta, em que cada partido lança a candidatura de seus correligionários[1] escolhidos em assembléias prévias e o eleitor escolhe entre um desses nomes. Entretanto, são determinados os números de cada partido a ocupar as cadeiras disponíveis em ambas as casas pela quantidade de votos que o partido e/ou coligação receberam no pleito.

Sabendo que na Câmara Federal são oito (08) vagas para deputados do Distrito Federal e na Câmara Distrital é o correspondente ao seu triplo, então vinte e quatro (24) cadeiras, como conciliar a multiplicidade de partidos políticos com relação ao número de votos e garantir a diversidade da representação, uma vez que se fosse considerado o voto majoritário para essas duas instâncias, um único partido poderia ter todas as cadeiras ou a maioria absoluta delas?

Para resolver essa equação, foi criado o Quociente eleitoral, isto é, o cálculo que define os partidos e/ou coligações que terão o direito a ocupar as vagas em disputa nas eleições (art. 106, § único do Código Eleitoral e art. 5º da Lei nº 9504 de 30/09/97). Vamos trabalhar com o exemplo a seguir das eleições de 2006[2] para Deputado Federal:

Na época o Distrito Federal contava com 1.655.050 eleitores, sendo que:

Votos apurados: 1.425.300
Votos em Branco: 60.949
Votos Nulos: 47.360
Votos Válidos: 1.316.991
Abstenções: 229.750

1º) Determinar o quociente eleitoral, dividindo-se os votos válidos pelos lugares a preencher (art. 106 do Código Eleitoral). Despreza-se a fração, se igual ou inferior a 0,5, arredondando-a para 1 se superior.

(Votos válidos ÷ nº de cadeiras = Quociente eleitoral), logo:

1.316.991 ÷ 8 = 164.624

2º) Determinar os quocientes partidários[3], dividindo-se a votação de cada partido (votos nominais + legenda[4]) pelo quociente eleitoral (art. 107 do Código Eleitoral). Despreza-se a fração, qualquer que seja.

Partido Qtde Votos nominais ÷ Quociente Eleitoral = Quociente Partidário
PAN

133

÷164.624

= 0*
PHS

11.464

÷164.624

= 0*
PSDC

1.879

÷164.624

= 0*
PDT

13.753

÷164.624

= 0*
PCO

740

÷164.624

= 0*
PP

4.122

÷164.624

= 0*
PSL

6.529

÷164.624

= 0*
Frente de Esquerda (PSTU/PCB/PSOL)

48.317

÷164.624

= 0*
União por Brasília (PT/PV/PCdoB/PSB/PRTB/PRB)

289.604

÷164.624

= 1
Por amor a Brasília (PTN/PSC/PL/PPS/PFL/PMN/PRONA)

450.490

÷164.624

= 2
Avança DF (PSDB/PMDB/PTB/PTdoB)

404.355[5]

÷164.624

= 2

* Os partidos que não alcançaram o quociente eleitoral, não concorrem à distribuição de lugares (art. 109, § 2º, do Código Eleitoral).

Perceba que apenas cinco cadeiras serão ocupadas através desse critério, faltam ainda outras três que passarão pelo critério de distribuição das sobras de lugares não preenchidos pelo quociente partidário (art. 109, nº I do Código Eleitoral).

3º) 1ª Sobra: Dividir a votação de cada partido pelo nº de lugares por ele obtidos no quociente partidário  + 1. Ao partido que alcançar a maior média, atribui-se a 1ª sobra.

Partido Qtde votos ÷ (Lugares + 1) Médias
União por Brasília (PT/PV/PCdoB/PSB/PRTB/PRB)

289.604

÷ 2 (1+1)

144.802

Por amor a Brasília (PTN/PSC/PL/PPS/PFL/PMN/PRONA)

450.490

÷ 3 (2+1)

150.163

Avança DF (PSDB/PMDB/PTB/PTdoB)

404.355

÷ 3 (2+1)

134.785

4º) 2ª Sobra: Como há outra sobra, repete-se a divisão. Agora, a coligação “Por amor a Brasília”, beneficiado com a 1ª sobra, já conta com 3 lugares, aumentando o divisor para 4 (3+1) (art. 109, nº II, do Código Eleitoral).

Partido Qtde votos ÷ (Lugares + 1) Médias
União por Brasília (PT/PV/PCdoB/PSB/PRTB/PRB)

289.604

÷ 2 (1+1)

144.802

Por amor a Brasília (PTN/PSC/PL/PPS/PFL/PMN/PRONA)

450.490

÷ 4 (3+1)

112.622

Avança DF (PSDB/PMDB/PTB/PTdoB)

404.355

÷ 3 (2+1)

134.785

5º) 3ª Sobra: Como há outra sobra, repete-se a divisão. Agora, a Coligação “União por Brasília”, beneficiado com a 2ª sobra, já conta com 2 lugares, aumentando o divisor para 3 (2+1) (art. 109, nº II, do Código Eleitoral).

Partido Qtde votos ÷ (Lugares + 1) Médias
União por Brasília (PT/PV/PCdoB/PSB/PRTB/PRB)

289.604

÷ 3 (2+1)

95.534

Por amor a Brasília (PTN/PSC/PL/PPS/PFL/PMN/PRONA)

450.490

÷ 4 (3+1)

112.622

Avança DF (PSDB/PMDB/PTB/PTdoB)

404.355

÷ 3 (2+1)

134.785

A terceira sobra fica com a Coligação “Avança DF”, totalizando assim o número de cadeiras e a distribuição por partido na Câmara Federal:

Partido Cadeiras
União por Brasília (PT/PV/PCdoB/PSB/PRTB/PRB) 2
Por amor a Brasília (PTN/PSC/PL/PPS/PFL/PMN/PRONA) 3
Avança DF (PSDB/PMDB/PTB/PTdoB) 3

No interior de cada partido ou coligação vão assumir cada cadeira a ele destinada os candidatos mais votados. A sequência dos candidatos mais votados desses partidos será respeitada para seguir a ordem de ocupação das cadeiras em caso de suplência.

Para considerar as eleições de 2010 a mesma lógica deverá ser seguida, alterando apenas os atores e composições do jogo político para os deputados federais como também para os distritais, aumentando o número de cadeiras disponíveis nesta casa. É necessário então verificar como estão compostas as coligações, quais partidos as compõem e quais estão lutando individualmente. É importante fazer um levantamento de todos os candidatos do partido e/ou coligação para saber quem você está contribuindo para eleger, se são pessoas que possuem o conjunto de condições que acredita necessárias para representar-te.

Referências bibliográficas

Pesquisa eletrônica:

http://www.tre-sp.gov.br/eleicoes/2004/quociente.htm

http://www.tre-df.jus.br/default/eleicoes/elei_2006.jsp#eleicoes_df

http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9504.htm

Pesquisa bibliográfica:

ANASTASIA, Fátima e NUNES, Felipe. A Reforma da Representação. In: AVRITZER, Leonardo e ANASTASIA, Fátima (Orgs.) Reforma Política no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. 17-29 p.

CINTRA, Antônio Octávio. Sistema Eleitoral. In: AVRITZER, Leonardo e ANASTASIA, Fátima (Orgs.) Reforma Política no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. 128-132 p.

NICOLAU, Jairo. Lista Aberta – Lista Fechada. In: AVRITZER, Leonardo e ANASTASIA, Fátima (Orgs.) Reforma Política no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. 133-136 p.

SAMUELS, David. Número e distribuição de cadeiras na Câmara dos Deputados. In: AVRITZER, Leonardo e ANASTASIA, Fátima (Orgs.) Reforma Política no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. 137-141 p.


[1] Diz-se de pessoa, grupo ou partido que compartilha a mesma convicção, posição ou doutrina (religiosa, política, filosófica) de outra pessoa, grupo ou partido

[2] Dados retirados do site: http://www.tre-df.jus.br/default/eleicoes/elei_2006.jsp#eleicoes_df

[3] Define o número inicial de vagas que caberá a cada partido e/ou coligação que tenham alcançado o Quociente Eleitoral.

[4] No exemplo acima não localizei a distribuição dos votos por legenda, por isso aparecem apenas os nominais.

[5] Considere que houve 85.605 votos para a legenda e outros 192 votos que possivelmente eu mesma me equivoquei na soma de cada candidato com voto nominal. O total corresponde assim aos votos válidos.

 

Ser gay ou lésbica é uma escolha? 10 de junho de 2010

Filed under: Aulas CEF 15,Sexualidade — Ártemis Frida @ 15:12

Assista o vídeo a seguir, ele é um recorte do documentário “Assim como diz a Bíblia” que apresenta depoimentos de homossexuais e familiares protestantes nos EUA. São contadas as dificuldades e soluções encontradas para enfrentar os preconceitos religiosos e compreender os ensinamentos bíblicos a partir de uma abordagem histórica.

Veja até o fim, pois tem um trecho em animação que aponta para a explicação do fenômeno do ponto de vista neurobiológico. No entanto, sabemos que as identidades de orientação sexual são construídas a partir de multi determinações e que campos interdisciplinares estudam para compreender o fenômeno. As Ciências Sociais é um desses campos que procura compreender como as relações políticas, sociais, econômicas e culturais se interseccionam na construção das identidades sociais dos sujeitos historicamente situados.

 

Pesquisa Nacional Sobre Sexualidade 1 de junho de 2010

JUVENTUDES E SEXUALIDADE

Click no link acima e acesse a pesquisa Juventudes e Sexualidade desenvolvida em âmbito nacional a partir de uma amostra estatística realizada em quatorze unidades da Federação. Esta é uma publicação da UNESCO BRASIL de 2004 coordenada pelas pesquisadoras ABRAMOVAY, CASTRO e SILVA.

O foco da pesquisa são as juventudes que estão no espaço escolar e como vivenciam a sexualidade. São abordados temas como iniciação sexual; gravidez; contracepção; aborto; violências, preconceitos e discriminações.

A pesquisa é recheada de dados estatísticos sobre comportamentos de jovens estudantes e seu universo em diferentes capitais brasileiras. Construída a partir de um referencial teórico muito bom!

Clique onde está escrito Juventude e sexualidade de cor rosada. Abrirá um arquivo em PDF, vocês poderão consultar gráficos e tabelas e a abordagem das pesquisadoras sobre os diversos temas que envolvem a sexualidade.

 

O que é Sociologia 18 de maio de 2010

Filed under: Introdução à Sociologia — Ártemis Frida @ 15:47

 

Max Weber, sua história, seu tempo e sua contribuição sociológica – Parte 1 15 de maio de 2010

Por Janete Araújo da Silva[1]

As transformações sociais e econômicas do século XVII e XVIII vivenciadas em todo o continente europeu influenciaram as preocupações intelectuais de Max Weber. A Alemanha teve o desenvolvimento capitalista e intelectual diferente do restante da Europa, enquanto França e Itália vivenciavam as revoluções burguesas republicanas e industriais a Alemanha permanecia monárquica e agrária.

As sociedades modernas eram formadas a partir de uma profunda diversidade social, o restante do continente europeu em suas teorias políticas, econômicas e sociais buscava a universalidade através dos nacionalismos, do positivismo em relação ao progresso técnico e científico proporcionado pelo sistema capitalista industrial. Já os alemães apresentavam um amplo interesse pela História particular de cada povo e pela diversidade. O pensamento alemão pode ser sintetizado na associação entre História, esforço interpretativo e facilidade em discernir diversidades.

Nesse sentido, a sociedade é analisada sob uma perspectiva histórica e nesse ponto apresentam-se as divergências entre Max Weber e Émile Durkheim, isto é, entre Positivismo e idealismo, cuja principal diferença está em como cada um encara a História.

O Positivismo possui a idéia de lei geral e História universal – excluí as particularidades de cada povo e delimita um território formando um Estado-Nação – e compara uma formação social com outra: Para eles, a História é um processo universal de evolução da sociedade, ou seja, todos os povos de todos os continentes possuem uma História única, linear, apenas em estágios diferentes percebidos pelo método comparativo.

Os Idealistas, por sua vez, corrente filosófica de Max Weber, defendem a pesquisa histórica, baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das fontes. As diferenças sociais em cada território ou de uma nação para outra, apresentam-se como de gênese (origem) e formação, portanto de História, não de estágios de evolução. A perspectiva respeita o caráter particular e específico de cada formação social e histórica.

Max Weber combina a perspectiva histórica de respeito às particularidades e à Sociologia que ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo. Para ele, a sucessão de fatos não faz sentido por si só, os dados são esparsos e fragmentados.

Propõe então o Método Compreensivo que é o esforço interpretativo do passado e sua repercussão no momento presente. Assim, o conhecimento histórico é formado a partir da busca de evidências, onde o método permite ao cientista dar sentido social e histórico aos fatos separados, fragmentados.

  1. 1. Um pouco de biografia

Max Weber nasceu em Erfurt cidade da Alemanha em 21 de Abril de 1864 e pertenceu a uma família de classe média com bastante influência política e econômica. Sua mãe, Helene Fallenstein Weber, mulher culta e liberal, de credo protestante, tornou-se uma marcante personagem na vida do filho, pois até 1919 trocavam cartas com grande erudição muito frequentemente. Foi também na casa dos pais que Max Weber conheceu importantes pensadores do século XIX que frequentavam as reuniões promovidas por eles.

Até os dezessete estudou de forma relapsa, sem grandes esforços, mas era reconhecido como possuidor de um talento excepcional. Mesmo depois que entrou para a universidade de Direito, Weber passava boa parte do tempo a embriagar-se em círculos de fraternidades. Estudou matérias culturais como História, Economia e Filosofia. Interrompeu a faculdade para ingressar no serviço militar, onde pesou o esforço físico e a ausência da atividade intelectual. Passou um ano fazendo serviço militar e retornou à universidade.

Ao concluir o curso, foi trabalhar nos tribunais de Berlim, depois reingressou na universidade para os cursos de Direito Comercial, Alemão e Romano, onde defendeu sua tese de doutorado.

Casou-se com Marianne Schnitger, sua prima, em 1893 e passou a trabalhar como professor em Berlim e exercia uma série de trabalhos relacionados ao Direito. Nos anos seguintes foi aceito à cátedra[2] de Economia na universidade de Friburgo, depois em Heidelberg, onde conviveu com seus ex-professores e onde criou um círculo de amizade bastante fértil intelectualmente.

A partir de 1887 Max Weber começou a apresentar um quadro patológico de doença mental, passando por diversas internações em centros de reabilitação e a realizar viagens em busca de repouso e tratamento. Em uma de suas viagens, publica parte de sua obra sobre A ética protestante e o espírito do Capitalismo. Foi na viagem para os Estados Unidos da América que passou a se interessar sobre a questão do trabalho, da imigração e de administração pública.

Ao retornar para seus trabalhos na Alemanha, concluiu a segunda parte de A ética protestante e o espírito do capitalismo e em seguida, com a Revolução Russa, acompanhou os acontecimentos pela imprensa russa e os analisava para situá-los na história cotidiana. Tal atividade lhe rendeu a publicação de diversos ensaios sobre a Rússia e o conhecimento autodidata da língua.

Em 1903 Weber funda com Werner Sombart a revista Archiv für Sozialwissenschaft und Sozislpolitik e em 1908 ajuda a organizar a Associação Alemã de Sociologia, onde estimulou pesquisas coletivas sobre associações voluntárias, ligas atléticas, seitas religiosas e partidos políticos. Propôs estudos sobre a imprensa e sobre psicologia industrial.

Com a Primeira Guerra Mundial, aos cinqüenta anos, tornou-se oficial da reserva comissionado como administrador de nove hospitais em Heidelberg. De onde vivenciou um conceito central em sua Sociologia: a burocracia.

Em 1918 Max Weber deixa suas convicções monarquistas e torna-se um republicano, por acreditar que esse regime seja mais racional. Recebeu convite de várias universidades nacionais e estrangeiras, aceitando ficar, em 1919 em Munique. Nesse mesmo ano adoeceu, sendo diagnosticado com uma pneumonia aguda levando-o à morte em Junho de 1920.

Suas principais obras:

Do curso da História Alemã (1877)

A História agrária romana e seu significado para o Direito Público e Privado (1889)

História das instituições agrárias (1891)

As tendências na evolução da situação dos trabalhadores rurais na Alemanha Oriental (1894)

As causas sociais da decadência da civilização antiga (1895)

A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904, 1905, 1906-1908)

As relações de produção na agricultura do mundo antigo (1909)

Economia e Sociedade (1910-1914)

Ensaio acerca de algumas categorias da Sociologia compreensiva (1912)

A ética econômica das religiões universais (1914)

A política como vocação (1918)

A ciência como vocação (1918)

Ensaio sobre o sentido da neutralidade axiológica nas Ciências Sociológicas e Econômicas (1918)

  1. 2. Principais Conceitos Weberianos

2.1  Ação Social: uma ação com sentido

Por Ação Social entende-se a conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de sentido, ou seja, de uma justificativa elaborada subjetivamente, isto é, um significado subjetivo dado de forma racional ou irracional por quem o executa, o qual orienta seu próprio comportamento, tendo em vista a ação – passada, presente ou futura – de outro ou outros.

O indivíduo é o agente social que dá sentido à sua ação, o sentido é compreendido através da análise do MOTIVO que leva a pessoa à ação, mas seus efeitos muitas vezes escapam ao controle e previsão do agente. É pelo motivo que se desvenda o sentido da ação e a motivação é formulada expressamente pelo agente ou está implícito em sua conduta.

O motivo da ação pode ser de três tipos:

  1. I.            Dado pela tradição
  2. II.            Dado por interesses racionais
  3. III.            Dado pela emotividade

Então, tem sentido social toda ação que leva em conta a resposta ou a reação de outros indivíduos e é a interdependência entre os sentidos das diversas ações que dá o caráter social da ação. A tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações em todas as suas consequências.

Ex.: Enviar uma carta – ato composto de uma série de ações sociais com sentido

  1. Escrever, selar, enviar e receber – ações com uma finalidade objetiva;
  2. Atores , agentes se relacionam nessa ação com orientação de motivos diversos: enviar a carta, ser o atendente no posto dos correios, o carteiro, o destinatário.
  3. Essa interdependência entre os diversos motivos que torna a ação social.

O sentido da ação é produzido pelo indivíduo através dos valores sociais que ele compartilha e do motivo que emprega. Prever todas as conseqüências da ação escapa ao indivíduo e é papel do cientista, a quem cabe explicar, isto é, captar e interpretar as conexões de sentido inclusas numa ação.

A conexão entre motivo e ações sociais revela as diversas instâncias da ação social: política, econômica ou religiosa.

As ações variam em grau de racionalidade: à medida que se afastam dos costumes e afetos elas são mais racionais.

Max Weber elaborou um quadro de tipos “puros” de ação social:

  1. I.            Ação racional com relação a fins;
  2. II.            Ação racional com relação a valores;
  3. III.            Ação tradicional;
  4. IV.            Ação afetiva.

Ação racional com relação a fins: Para atingir um objetivo previamente definido, lança-se mão de meios necessários ou adequados, ambos combinados e avaliados tão claramente quanto possível de seu próprio ponto de vista. É uma ação evidente, chegar ao objetivo pretendido recorrendo aos meios disponíveis.

Erros e afetos desviam o curso da racionalidade.

Ação racional com relação a valores: Ação que visa um objetivo, mas agindo de acordo com ou a serviço de suas próprias convicções, levando em conta somente a fidelidade a certos valores que inspiram sua conduta. O sentido da ação não está no resultado ou nas conseqüências, mas na própria conduta.

Ação irracional afetiva: A ação é inspirada em suas emoções imediatas sem considerar os meios ou os fins a atingir.

A ação afetiva deve ser diferenciada da ação com relação a valores, para evitar confusões, pois a primeira não se preocupa com os fins a serem alcançados, muito menos com os meios utilizados para se chegar a qualquer fim, ela tem uma razão em si mesma. Já em relação aos valores, o agente da ação elabora racionalmente e conscientemente onde e como chegar aonde se quer.

Ação tradiconal: baseia-se nos hábitos e costumes.

Determinadas ações sociais se manifestam com mais freqüência que outras o quê permite ao cientista perceber tendências gerais que levam os indivíduos, em dada sociedade, a agir de determinado modo.

Interpretar a ação social é observar suas regularidades expressas nos usos, costumes e situações de interesse.

2.2  Relação Social

Ação é diferente de relação social, pois nesta o sentido precisa ser compartilhado. Um exemplo: pedir informação – o indivíduo faz uma ação social, pois tem um motivo e age em relação a outro, mas o motivo não é compartilhado.

Um exemplo de relação social: Sala de aula – estabelece uma relação social onde o objetivo é compartilhado por todos os envolvidos.

Relação social é então uma ação social cujo sentido é compartilhado pelas pessoas envolvidas na ação. É a conduta de várias pessoas orientada, dotada de conteúdos significativos, que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de certo modo.

Ao envolver-se em uma relação, tem-se por referência certas expectativas da conduta do(s) outro(s). As Relações sociais estão inseridas em e reguladas por expectativas recíprocas quanto ao seu significado, são ações que incluam uma mútua referência.

Weber chega à conclusão de que não existe oposição entre indivíduo e sociedade, pois quanto mais racional uma relação mais facilmente ela se traduz em normas e uma norma para se tornar concreta, primeiro se manifesta nos indivíduos como motivação.

2.3  O Tipo Ideal

Max Weber é um estudioso do próprio processo de pesquisa social, ele observa que ao se estudar um determinado fenômeno, o objeto de estudo, aborda-se apenas um fragmento finito da realidade. O cientista deve compreender uma individualidade sociocultural formada de componentes historicamente agrupados, nem sempre quantificáveis, a partir da análise histórica para explicar o presente e então partir deste para avaliar as perspectivas futuras.

O que dará a validez científica a uma pesquisa é o método e os conceitos que o estudioso utiliza. Assim, é o instrumento que orienta o cientista social em sua busca de conexões causais, no caso de Weber, o tipo ideal.

O tipo ideal é um trabalho teórico indutivo com o objetivo de sintetizar o que é essencial na diversidade social. Permite conceituar fenômenos e formações sociais e identificar e comparar na realidade observada suas manifestações. Os diversos exemplos mantém com o tipo ideal grande semelhança e afinidade. Ele permite comparações e a percepção de semelhanças e diferenças.

Ele é então um instrumento de análise, um modelo acentuado do que é característico ou fundante no estudo. É uma construção teórica abstrata utilizada pelo cientista ao longo do seu processo de pesquisa. Três características definem os limites e as possibilidades do tipo ideal:

  • Racionalidade: escolha de características do objeto relacionadas de modo racional;
  • Unilateralidade: a escolha racional acentua unilateralmente os traços considerados mais relevantes;
  • Caráter utópico: não é, nem pretende ser, um reflexo ou repetição da realidade.

O tipo ideal é a construção de um modelo para permitir a comparação entre o este e a realidade empírica, observável.

  1. 3. A tarefa do cientista

O cientista, como todo indivíduo em ação, age guiado por seus motivos, sua cultura e suas tradições. Isto indica que o cientista parte de sua subjetividade para realizar uma pesquisa social. Como então conciliar a parcialidade, necessária à pesquisa, e a subjetividade?

As preocupações do cientista orientam a seleção e a relação entre os elementos da realidade a ser analisada. Ao iniciar o estudo vem a busca da objetividade, a neutralidade é buscada para dificultar a defesa das crenças e das idéias pessoais e assim poder analisar o objeto de estudo a partir dos nexos causais que ele apresenta e não daquilo que o estudioso queira encontrar.

Cabe ao cientista compreender, buscar os nexos causais que dêem o sentido da ação social, isto é, compreender que os acontecimentos começam nos indivíduos. Ao fazer isso, o pesquisador contribui para o conhecimento não do todo social, mas de uma parte dele, pois uma teoria é sempre uma explicação parcial da realidade. Assim, um acontecimento pode ter diversas causas: econômicas, políticas, religiosas e cada uma compõe um conjunto de aspectos da realidade que se manifesta nos atos dos indivíduos.

O que garante a cientificidade de uma explicação é o método de reflexão e os conceitos escolhidos para guiar a pesquisa, não a objetividade pura dos fatos. Sendo assim, a análise social envolve sempre qualidade, interpretação, subjetividade e compreensão.

  1. 4. A ética protestante e o espírito do capitalismo

Esse é o título de uma das principais obras de Max Weber, talvez tenha sido aquela que mais que trouxe fama e prestígio. Nela o autor buscava compreender a relação entre o protestantismo e um comportamento típico do capitalismo.

Weber foi motivado pela análise de dados estatísticos que evidenciaram a grande participação de protestantes entre os homens de negócio, entre os empregados bem-sucedidos e como mão-de-obra qualificada. A partir daí procurou observar a conexão entre a doutrina e a pregação protestante e seus efeitos no comportamento dos indivíduos.

A doutrina e as pregações mostraram a presença de valores protestantes tais como: Disciplina, poupança, austeridade, vocação, dever e propensão ao trabalho. Tais valores formaram a partir da Reforma Protestante no século XVI uma nova mentalidade – ethos – propício ao desenvolvimento do capitalismo.

Nesse trabalho, Max Weber expõe as relações entre religião e sociedade e desvenda particularidades do capitalismo:

  • A relação não se dá por meios institucionais; mas por intermédio de valores introjetados nos indivíduos e transformados em motivos da ação social.

Motivação prostestante: trabalho como dever, como vocação. Não visando o ganho material como o objetivo final.

Como consequência, os trabalhadores protestantes adaptavam com facilidade ao mercado de trabalho, também eles acumulavam capital já que a pregação de uma vida regada e sem usura era predominante. Ao acumularem capital faziam poupança ou criavam seus próprios negócios como reinvestimento produtivo.

A ação individual de cada protestante, com o motivo relacionado a valores vai além de sua intenção: Virtude e vocação; Renúncia aos prazeres materiais. Sofre impacto diretamente no meio social ao contribuir com as bases que promoveram o desenvolvimento capitalista.

Como cientista, Weber procurou estabelecer as conexões entre os motivos e os efeitos da ação no meio social. Percebeu que o Protestantismo possuía afinidade com o racionalismo econômico, enquanto o catolicismo difundia o ascetismo[3] contemplativo, isto é, um conjunto de valores mais para a meditação do que para a ação prática.

Weber procurou fazer a construção do tipo ideal de capitalismo ao estudar as diversas características das atividades econômicas em várias épocas e lugares e chegou ao seguinte resultado:

Capitalismo è organização econômica racional assentada no trabalho livre e orientada para um mercado real, não para a mera especulação ou rapinagem.

Características do sistema capitalista:

  • separação entre público e privado;
  • utilização técnica do conhecimento científico – ciência;
  • direito e administração racionalizados.

Esse e outros trabalhos de Max Weber situam-se na área da Sociologia da Religião e seu esforço intelectual consistiu em observar na esfera religiosa um conjunto de valores que conduziram à racionalização das condutas dos fiéis. Fenômeno fundamental para a transformação das práticas econômicas e para a constituição da estrutura das sociedades modernas.

Weber entende que cada religião constitui uma individualidade histórica, rica e complexa. Por isso seu objetivo era compreender as conseqüências práticas da religiosidade para a conduta social e ao persegui-lo, notou que a religião pode fomentar o racionalismo prático e intensificar a racionalidade metódica, sistemática, do modo exterior de levar a vida.

Esse é um processo que ocorre ao nível da organização da comunidade e traduz-se ao nível das concepções de mundo. De um lado estão os virtuosos, tendo legitimada sua boa sorte. Os menos afortunados são apoiados pela criação do mito da salvação. No cristianismo construiu-se a figura do redentor, salvador, como uma explicação racional para a história da humanidade. A atitude religiosa ascética leva o virtuoso a submeter os impulsos naturais ao modo sistematizado de levar a vida. Mudança na comunidade religiosa que se desdobra num domínio racional do universo.

  1. 5. Visão geral de Max Weber

Weber mostrou a fecundidade da análise histórica e da compreensão qualitativa dos processos históricos e sociais e apontou a especificidade das ciências humanas: o homem como um ser diferente das demais espécies e então sujeito a leis de ação e comportamentos próprios.

Defendeu o indeterminismo histórico, isto é, reafirmando a não existência de leis preexistentes que regulem o desenvolvimento da sociedade ou a sucessão de tipos de organização social.

E contribuiu para a consolidação da Sociologia como ciência ao compor o método compreensivo e discutir a relação entre subjetividade e objetividade do trabalho de pesquisa, posicionando-o como um dos clássicos da Sociologia e um de seus mais proeminentes representantes.

  1. 6. Bibliografia

 

BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira e QUINTANEIRO, Tania. Max Weber. In: Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1995.

COSTA, Cristina. Sociologia alemã: a contribuição de Max Weber. In: Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Editora Moderna.

GERTH Hans H. e MILLS, C. Wright. O Homem e sua obra. In: Max Weber: Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Editora LTC, 1982.

WEBER, Max. Conceitos sociológicos fundamentais. In: Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Volume 1. Brasília: Editora da UnB. São Paulo: Impresna Oficial, 1999.

 


[1]Texto escrito por mim para auxiliar nas aulas em sala.

[2] A)Cadeira (3) em instituição de ensino superior, ocupada pelo principal professor de uma disciplina ou matéria

B)Cargo do titular dessa cadeira, o mais alto na carreira de professor universitário

C)Disciplina ou matéria sob responsabilidade de um ou mais mestres, numa instituição de ensino superior

[3] A) Prática da ascese para alcançar elevação espiritual; b) Moral fundada no desprezo do corpo e das sensações físicas.

 

Ilha das Flores – Direção Jorge Furtado, 1989. 7 de abril de 2010

Filed under: Aulas CEF 15,cultura,Introdução à Sociologia — Ártemis Frida @ 8:53

É um curta que retrata a questão da desigualdade social, os valores humanos construídos no sistema capitalista e a solidariedade social, isto é, no sentido de Durkheim, como se dá o elo entre indivíduo e sociedade  pela divisão social do trabalho.

Já em uma visão marxista, critica o sistema a partir das conseqüências perversas do “progresso” para os mais pobres.

Vale a pena, é divertido, interessante e desperta a reflexão.

 

Cidadão de Papelão – Anima Mundi – O Teatro Mágico 3 de abril de 2010

Filed under: Política — Ártemis Frida @ 13:49

 

Em quem você vai votar para deputado e senador? 19 de março de 2010

Filed under: Política — Ártemis Frida @ 11:41
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Eleições no Legislativo 2010

 

Atividade de pesquisa para os estudantes do 3° Semestre 18 de março de 2010

Filed under: Aulas CEM 03 — Ártemis Frida @ 14:46

Solicitei durante a semana de 15 a 18 de Março para os estudantes do 3º Semestre a seguinte pesquisa:

Escolher um povo indígena brasileiro e pesquisar sobre sua cultura e formas de educar as crianças e jovens.

Como os elementos da cultura de um povo são muitos, então destacar aqueles que dão identidade cultural para aquele povo em específico: festividades, rituais, estética etc.

Não será permitida a impressão de material, os estudantes deverão anotar a pesquisa no próprio caderno e apresentá-la, em dinâmica própria para a aula, em sala.

A atividade valerá ponto e deverá ser apresentada na semana de 22 a 26 de Março nos respectivos horários de cada turma.

sites recomendados para a pesquisa:

Índios do Brasil

Sua Pesquisa

Instituto Socioambiental